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Foto do escritorJuliana Martins

Emprego, carreira e vocação. É possível ser feliz na vida profissional?


Somos seres únicos e resultado de um conjunto de fatores que reúne todas as esferas de nossas vidas. A insatisfação em uma dessas esferas, impacta diretamente sobre todas as outras.

Muitas mulheres que buscam o emagrecimento, qualidade de vida e desenvolverem sua autoestima, se queixam de infelicidade na vida profissional. Esse não é um ponto que se resume apenas às mulheres, mas de forma geral, o número de mulheres insatisfeitas com o trabalho cresce consideravelmente ano após ano.

Extinguindo-se o ambiente e chefes tóxicos, que infelizmente ainda perambulam por todos os tipos de empresas ao redor do mundo, um dos fatores que mais causam insatisfação no trabalho é a frustração de expectativas e retorno quanto a profissão.

O designer austríaco Stefan Sagmeister em seu TED "O poder do tempo de folga" explica que a vida profissional está subdividida em 3 partes: emprego, carreira e vocação, e saber claramente o significado de cada uma dessas partes pode evitar muita insatisfação na vida profissional.

Vamos falar um pouco mais sobre isso?


Emprego: emprego é uma transação comercial, um acordo firmado em contrato de trabalho, onde você doa para a empresa contratante suas horas, seu esforço e expertise em troca de um pagamento pré-acordado. A recompensa por esse trabalho é o salário. Você se satisfaz com o pacote mensal e anual que a empresa te oferece.


Carreira: carreira é o caminho que você persegue e percorre dentro do mundo corporativo. É vinculado ao quanto você tem e desenvolve seu potencial de crescimento. A recompensa por esse trabalho é a promoção. Você se satisfaz vendo o seu nome no ponto mais alto do organograma.


Vocação: vocação é o que você faria mesmo se não ganhasse 1 real por isso. É aquela habilidade que você tem - na maioria dos casos nata - que você faz com facilidade, felicidade e nem vê o tempo passar. A recompensa por esse trabalho é o próprio trabalho. Você se satisfaz apenas com a oportunidade de realizá-lo.


Muitas vezes as pessoas se sentem insatisfeitas em suas vidas profissionais somente pela confusão que fazem com cada um desses termos. Confundem hobby com emprego e caem na falácia da busca pelo propósito, termo muito em pauta no discurso da positividade tóxica que inundou nossas vidas nos últimos anos (pauta para um futuro post).


Algum tempo atrás, dei uma pausa em minha vida profissional e empreendi no mundo da moda. Sempre amei roupas e busquei me manter antenada a tudo relacionado a esse mundo e pensei que seria perfeito fazer a junção do que eu amava e ainda ganhar um dinheiro com isso. O tempo passou e vi que, por mais bem sucedido que tinha sido esse desafio, eu descobri que sim, amava ser consumidora de moda, mas simplesmente odiava trabalhar com moda. Como a minha, ouvi inúmeras histórias como essa: a garotinha que amava animais e decidiu ser veterinária e hoje odeia a profissão; a que amava ir ao salão e decidiu ser cabelereira e acorda todos os dias desanimada, e milhões de outros exemplos.

Já deu para perceber que muito facilmente confundimos o que gostamos de fazer como hobby ou passatempo com um emprego que precisamos nos dedicar 8h por dia. É claro que para ser sustentável no longo prazo, há de haver uma afinidade entre o tipo de trabalho exercido, com nossos dons, talentos e habilidades, porém limitar nossa profissão a isso, além de ingênuo, é motivo de muita insatisfação.

Se enxergarmos o trabalho do jeito que devemos enxergar, somos capazes de nos dedicarmos a ele esperando o que de fato ele pode nos oferecer.

Nossa escolha profissional nem sempre é a mais acertada, já que quando temos que fazer essa escolha (geralmente no final da adolescência, logo após a conclusão do ensino médio), ainda não temos bagagem ou somos maduros o suficiente para tomarmos a melhor decisão. Há casos ainda que o jovem profissional faz a escolha pela profissão incentivado, ou até mesmo obrigado pela família (muitos casos de médicos e advogados, por exemplo). Será que frente a tudo isso, é possível sermos felizes no trabalho? A resposta é sim, mas para isso há algumas coisas que devemos levar em consideração conforme os pontos elencados abaixo:


  1. Separe sua profissão do seu ambiente de trabalho

Parece confuso, mas muitas pessoas se sentem insatisfeitas com suas profissões quando na verdade, a insatisfação vem do local onde trabalham. Chefes tóxicos, falta de reconhecimento, ambientes ruins, falta de confiança nos pares, distância a ser percorrida de casa até o escritório, todos esses fatores têm um peso enorme na balança da insatisfação profissional. Antes de pensar se escolheu a profissão errada, primeiro avalie se você não está de fato no ambiente errado. Muitas vezes, trocar de emprego para um local onde os valores da empresa sejam mais adequados às suas expectativas, pode ser a injeção de motivação e ânimo que estão te faltando.


2. Avalie sua profissão no passado, presente e futuro


Pegue uma folha de papel e faça uma linha a dividindo em 3 partes. Em uma parte dê o título de passado e insira em bullet points quais foram os motivos que fizeram você escolher sua profissão atual. Insira todos os detalhes que formularam a sua escolha e principalmente quais eram os ganhos pessoais que você imaginava ter com ela.

Dê o título de presente para a segunda parte da folha. Nela insira os bônus e os ônus da escolha que você fez. Tudo de bom e de ruim que sua profissão traz atualmente para a sua vida.

Finalmente na terceira parte da folha, dê o título de futuro e nela descreva todos os ganhos e perdas que você terá se seguir nessa profissão.

Após fazer esse exercício, analise cada ponto que você escreveu e veja em quais pontos suas expectativas iniciais com a escolha da profissão foram ou não atingidas. Coloque na balança os prós e contras de seguir nesse caminho e se houver mais contras do que prós e mais insatisfação do que realização, é hora de avaliar uma possível mudança.


3 - Tenha e alimente um hobby


Muitas vezes nos sentimos insatisfeitas com nossa vida profissional simplesmente porque nos sentimos sobrecarregadas, e toda pressão se intensifica quando sua rotina se inclina única e exclusivamente para o trabalho. É a junção dessa pressão com a falta da realização em fazermos o que amamos que faz com que a frustração nos domine.

Ao criar pequenos intervalos em sua rotina para um passatempo ou hobby, se aproximando das coisas que ama, você terá um respiro, aliviará sua cognição do peso das tarefas do trabalho e alimentará sua mente do estado de "flow" que é o nome dado ao estado que entramos quando estamos mergulhados em uma tarefa que amamos tanto, que nem chegamos a ver o tempo passar.

Ao ter um espaço em nossas vidas dedicado às coisas que amamos fazer, não corremos o risco de achar que aquele deve ser o nosso trabalho, somente pela falta que essas atividades têm feito em nosso dia a dia.


4 - Sempre há tempo para mudar


Muitas pessoas se sentem frustradas em suas profissões e essa frustração se intensifica pelo fato de acharem que não tem mais tempo para apostarem em uma nova profissão.

De acordo com o IBGE, a expectativa de vida no Brasil subiu em 2021 para 76,8 anos. Imagine quantos anos de atividade profissional você ainda terá. Vale a pena viver infeliz até a aposentadoria ou arriscar uma nova profissão enquanto ainda há tempo?


5 - Tenha uma reserva financeira


Sabemos muito bem o quanto um pacote salarial + benefícios atrativos podem nos "amarrar" a um emprego. A falta de uma reserva financeira te faz refém, limitando suas decisões e impedindo que você tome riscos calculados para pular fora da zona de conforto.

Tenha uma reserva financeira referente a alguns meses (ou até anos) de salário e tenha a mente em paz para decidir o que é melhor para você.


6 - Não romantize o emprego


Falei em alguns parágrafos acima sobre a tal positividade tóxica e o quanto o discurso pela busca pelo propósito contribui com o aumento da infelicidade e frustração no ambiente de trabalho.

Sim, temos que trabalhar em um local que nos mantenha emocionalmente equilibrados e o qual temos um mínimo de afinidade e valores compatíveis, mas não espere que o trabalho ideal é aquele que te fará se sentir 100% motivado e energizado todos os dias. Isso não existe!

Em todo o emprego temos desafios e tarefas compatíveis com o que gostamos e outras que simplesmente odiamos fazer. Vemos isso até no emprego que julgamos "emprego dos sonhos", como no caso dos músicos. Eles amam cantar e serem admirados pelo público, mas a grande maioria odeia viajar em turnê, ficar longe da família e a falta de privacidade.

A vida é feita de coisas que fazemos por amor e outras que fazemos porque devem ser feitas. E no âmbito profissional isso não seria diferente.


7 - Transformar a vocação em emprego é possível?


Talvez esse seja o grande sonho de 99,9% da população ativa no mercado de trabalho, não é mesmo? A resposta para essa pergunta é sim, desde que avaliadas todas as variáveis.

Como citado acima, é importante que se defina se o que você ama não se enquadra somente na esfera hobby/passatempo em sua vida. Caso você realmente queira profissionalizar sua vocação o ideal é que construa um plano de médio prazo para que possa aos poucos fazer a transição entre sua profissão atual (real) e a profissão-vocação (idealizada). É o que chamamos de "trabalho depois do trabalho".

Pode parecer difícil e trabalhoso administrar as duas coisas ao mesmo tempo, mas saiba que tudo na vida para ser sustentável a longo prazo exige esforço e dedicação.

Largar o emprego de uma hora para outra e tentar viver de sua paixão sem um bom planejamento, além de frustrante pode se tornar uma experiência bem traumática.

Construa uma boa reserva financeira, converse com profissionais que vivem no dia a dia a profissão-vocação que você almeja, entenda todos os desafios e tenha uma visão realista. De posse de todas essas informações construa um plano sólido para percorrer esse caminho tão desejado em busca do sucesso profissional.


Em todos os meus anos de experiência em Recursos Humanos, pude observar uma infinidade de profissionais que jogam na vida profissional a responsabilidade por sua felicidade, quando essa na verdade, é o conjunto do equilíbrio em todas as partes de nossa vida.

No mundo corporativo sempre encarei meu emprego como uma transação, onde eu dava o melhor de mim em troca do que a empresa acordou comigo no ato da minha contratação. Quando comecei a focar em minha carreira, passei a entregar cada vez mais, muito além do que tinha sido contratada para fazer, e o resultado foi eu ter ido de estagiária à Head de RH em 11 anos.

Minha vocação sempre esteve clara para mim e sempre a levei paralelamente à minha profissão no mundo corporativo "trabalhando depois do trabalho". Construí um plano de ação consistente, e minha paixão se tornou uma vocação monetizada e um segundo emprego.

No programa Reconstrua-C eu faço com cada paciente um estudo profundo de sua vida profissional, alinhando expectativas, otimizando o presente e desenhando o futuro, pois entendo que a mulher que se sente feliz e satisfeita em seu trabalho, reflete essa satisfação em todas as outras áreas de sua vida.

Que tal voltar sua atenção à essa parte tão importante da sua vida e começar agora mesmo a sua reconstrução profissional?

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