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Um tempo de pausa: redescobrindo o extraordinário no ordinário

  • Foto do escritor: Juliana Martins
    Juliana Martins
  • 14 de abr.
  • 4 min de leitura


Agenda lotada: e-mails, reuniões presenciais, conference calls, posts e interações nas redes sociais. Passamos a viver uma rotina insana de correria intensa e acabamos normalizando (e até mesmo glamourizando) uma vida onde não há espaço para o descanso, para o ócio, para o tédio e acima de tudo, para o olhar para nós mesmas.


Há alguns meses comecei a me sentir estranha. A Juliana que sempre foi ligada no 220v, que emendava um projeto atrás do outro, começou a sentir falta da pausa. Comecei a notar que muito da correria que imperava em minha vida era imposta por fatores externos, como o trabalho, mas muito, e talvez a maior parte, estava sendo imposta por mim. Eu simplesmente desaprendi a desacelerar. Achava que estar o tempo tempo ocupada, me sentindo produtiva, me alimentava de alguma forma.


Esse momento de autorreflexão iniciou no mesmo período em que, meu marido eu eu, em busca de mais tranquilidade, decidimos nos mudar, e saímos de um bairro mega agitado, com um trânsito intenso, muito barulho e insegurança, para um bairro tranquilo, arborizado, repleto de cafeterias, livrarias e parques. A minha adaptação foi imediata, e a cada dia uma rotina mais calma, tranquila e minimalista começou a fazer parte da minha vida. A ânsia que antes era a de estar sempre na ativa, sempre produzindo, sempre conectada, se transformou na ânsia pela espera, pela calma, pelo sossego do tempo de qualidade.


Comecei então a ser cada vez mais assertiva em minha agenda e nos aceites aos convites que eu recebia. Passei a ter menos interesse pelas redes sociais e reduzi a frequência de seu uso, tanto na produção dos meus conteúdos, quanto no consumo de conteúdos de terceiros.


Alguns meses após a minha mudança, tirei alguns dias de férias do trabalho, e a ficha que estava caindo de forma lenta e gradual, caiu de uma única vez, como uma avalanche: eu estava perdidamente apaixonada pela calma, e pude viver intensamente, nos meus 15 dias de férias esse estilo de vida: desde o acordar com calma para tomar um café da manhã demorado na minha padaria preferida, o passear no meio da tarde com a minha cachorra, a leitura sem pressa na varanda apreciando calmamente uma xícara de café, a alegria da presença dos meus pais, a caminhada sem rumo, apenas para sentir o ar fresco enquanto ouvia a minha playlist favorita, o treino na academia vazia, no que chamamos de "horário de herdeiros", o contato comigo, e apenas comigo. Que delícia de dias! Que delícia vivenciar cada pedacinho do cotidiano tão ordinário, que a busca incessante (e cansativa) pelo extraordinário tem nos tirado o prazer de vivenciar.


As férias acabaram e retomo a minha velha rotina de compromissos aos poucos, porém, com uma nova mentalidade. A vida não irá passar despercebida diante dos meus olhos. Eu não vou permitir que o tempo de qualidade que posso dedicar às coisas que amo, seja roubado de mim, ou desperdiçado por conta própria sem que eu me dê conta. Não quero correr atrás do vento, mas sim, viver uma vida repleta de propósito, aproveitando cada segundo de cada novo dia que se apresentar à minha frente. Andarei na contramão desse mundo que tem usado todas as suas armas para nos fazer nos sentirmos cada vez mais ansiosas, insuficientes, deprimidas. A vida com sentido é aquela que nos faz investir mais tempo agradecendo e nos orgulhando pelo que temos, do que ansiosas e famintas por mais.


Não se trata de falta de ambição, mas de coerência, e ciência. Diversos estudos científicos têm explorado como o uso excessivo de redes sociais, a correria do mundo moderno e a sobrecarga de informações contribuem para o aumento da ansiedade. Uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Educação Médica destacou que o uso descontrolado da internet e das redes sociais pode levar a padrões de comportamento desadaptativos, associados a sintomas de ansiedade e depressão. Outro estudo, publicado na Psicologia: Ciência e Profissão, encontrou uma relação positiva entre sintomas de ansiedade e o uso passivo e ativo de plataformas como Facebook e Twitter, indicando que o tipo de interação com as redes sociais pode influenciar diretamente o bem-estar emocional. Além disso, uma revisão narrativa da literatura realizada pela Universidade de Uberaba apontou que o uso excessivo de redes sociais pode agravar transtornos de ansiedade e impactar negativamente a saúde mental, destacando a necessidade de um uso mais consciente dessas ferramentas. Associe tudo isso à uma rotina imersa no trânsito caótico, reuniões intermináveis, problemas e estresse, e tenha a fórmula completa para te levar à loucura.


Percorro essa jornada de autoconhecimento me alimentando do que faz sentido para mim, não me atendo mais ao que é trend, ao que todo mundo faz, ao que os gurus dizem que é necessário para se ter uma vida de sucesso e reconhecimento, afinal de contas, reconhecimento nenhum paga a miséria de viver uma vida onde eu mesma estaria deixando de me reconhece.


Que meu caminho seja trilhado com leveza, com pausa, e em paz!


Com amor, Ju.




 
 
 

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